quarta-feira, 15 de abril de 2015

O Colégio Agrícola de Jundiaí e os Konkas 94... (1992-1994)




O primeiro de Maio é uma data comemorativa e especial para aqueles que estudaram nesta escola. Além de ser o dia internacional do trabalhador, trata-se da data em que se comemora a tradicional festa do Ex-aluno. O antigo Colégio Agrícola de Jundiaí (CAJ), hoje mudou de nome e se chama Escola agrícola de Jundiaí (EAJ). Esta escola permanece localizado na RN 160, Km 03, Distrito de Jundiaí, no município de Macaiba/RN.

Com a proximidade desta data comemorativa,

achei por bem relembrar a escola com uma breve crônica e também relembrar um pouco sobre a nossa turma, os concluintes de 1994. Tratados por aqueles que lá estudaram, como Konkas 94. Afinal de contas, 21 anos se passaram desde que terminamos o segundo grau!!

Naquela época, a escola ainda se chamava Colégio Agrícola de Jundiaí. Havia apenas o Curso Técnico em Agropecuária (2º grau) e o ensino fundamental (da 5ª a 8ª série). Estudei no CAJ de 1992 a 1994. Os alunos e ex-alunos são denominados Cajeanos. Alcunha essa que ainda conservamos ao encontrar velhos amigos em nossas confrarias como aconteceu em outubro de 2014.

O ano era 1992, depois de enfrentar um rigoroso processo de seleção, fora aprovado para estudar no Colégio Agrícola de Jundiaí. O esforço já começara no ano de 1991. Ano esse marcado por aulas de reforço de matemática e português em Pedro Avelino. As aulas de matemáticas eram dadas pelo professor Xavier Menezes, e Português, pelo professor Gordinho, no Antigo Museu da cidade.

Os três anos vividos em Jundiaí foram anos de muito aprendizado! O colégio até hoje é reconhecido como sendo um das melhoras escolas de ensino agropecuário no Brasil. Por funcionar em regime de internato, a escola mostra-se realmente importante e válida para preparar o indivíduo para o mundo exterior, assim como na vida diária e cotidiana na própria escola...
Quem passou pelo CAJ sabe que é um verdadeiro campo de guerra, rsrsrs... A convivência entre os alunos de outros anos não é tarefa fácil, isso sendo eufemista, rsrsrs... Existe uma rivalidade muito grande entre o 1º, 2º e 3º ano do segundo grau. Onde normalmente, por uma questão de “hierarquia interna”, as turmas mais velhas tentam “mandar” naquelas turmas mais novas. Apenas como exemplo, cito algumas dessas realidades: No refeitório, existem as mesas para os alunos de cada turma sentar e fazer suas refeições diárias. De maneira que caso o aluno do 1º ano sente em uma mesa dos alunos do segundo ano, tal ato é tratado como profundo desrespeito, ao ponto da “vítima” ser punida. Tal punição pode acontecer na quadra de futebol, no basquete ou ainda na sala de jogos. Pode ainda acontecer um castigo maior, o aluno sofrer um dos piores castigo na escola... levar um banho de mijo quando estiver dormindo... era por aí senhores... Ressalto que isso acontecia nos idos de 1992-1994. Nos dias de hoje, com a questão “bullying” tão em pauta, provavelmente tais comportamentos tenham diminuídos, ou não como diz o cantor Baiano.

Aprender a lidar com esta “hierarquia interna” é uma questão primordial para a permanência do aluno na instituição. Presenciei casos em que alguns não suportaram tamanha pressão e acabaram desistindo de estudar no CAJ. Imagine você estar na fila para almoçar e chegar 5 ou 6 “indivíduos” e furar sua vez e você nada fazer? nem todos toleram e aceitam tal conduta, principalmente quando ela ocorre com muita frequência. Assim, o cara acabam se invocando, e literalmente, como falou o Capitão Nascimento, pedindo pra sair... Quero logo deixar claro que a escola não aceita tais condutas. Portanto, caso tais situações sejam comunicadas à direção, o aluno que cometeu o “delito”, com certeza será punido.
As confusões podem também ocorrer entre alunos do mesmo ano. Lembro-me bem de um episódio no nosso quarto do alojamento em 1992. O nosso amigo Thelúzio, morador da capital do estado, teve seu armário revirado de ponta a cabeça. Nessa “brincadeira”, ele teve alguns prejuízos, como por exemplo um perfume quebrado. Thelúzio não pensou duas vezes, comunicou o delito ao inspetor do dia, se não me engano, Seu Eudorico de Macaíba que logo levou o caso à instância competente, a Direção da Escola. À época, o Diretor era o Professor de Desenho Industrial, João Inácio. Cidadão de personalidade forte, ríspido e de pouca paciência com os alunos... Este não contou estória, reuniu todos os alunos do nosso quarto na direção e começou o interrogatório... Vcs sabem disso, sabem daquilo e etc etc etc. Resumindo, chegou aos finalmente, a gente só acaba essa reunião quando aparecer o aluno que fez isso no armário do Thelúzio. Passaram-se quase duas horas e nada do indivíduo que cometeu o “delito” se entregar ou ser delatado por alguém. Assim sendo, o Diretor João Inácio nem pestanejou, aplicou uma punição em todos alunos que faziam parte do nosso quarto. Pena: uma semana de “reclusão” em casa e só podia voltar na segunda feira, isso com a presença de um dos pais. Agora imaginem a situação, o “caba” chegar em sua casa distante daquela escola cerca de 160, para alguns muitos mais, e contar uma promoção dessa aos seus pais... rapaz pense!! rsrsrs

A nossa turma era formada por cerca 80 alunos mais ou menos, sendo eles das mais diversas regiões do RN. Desde o auto oeste, passando pelo sertão e agreste, até o litoral potiguar. Os quartos nos alojamentos e as salas de aulas eram separados por faixa etária. De maneira que quase sempre houve um turma A, B e C. Aqueles que participavam da turma A, eram sempre os alunos mais novos. Havia aulas todas as manhãs e tardes, de segunda a sexta. Por se tratar de uma Escola Técnica, existia muita aula de campo, como Agricultura, Zootecnia, Topografia, dentre outras. Dessa forma, aqueles alunos que estudavam no semi-internato, ao final do dia voltavam para suas casas, principalmente Macaíba e Natal. Já aqueles, que estudavam no regime de internato, chegavam a passar dois a três meses na escola sem retornar a casa dos seus pais.

A amizade e colaboração nasce de forma natural e espontânea, pois viver num sistema desse requer união e colaboração. Afinal de contas, isso aqui foi, é e sempre será válido: A união faz a força, e sozinho ninguém é feliz sozinho!

E assim as amizades nasceram! lembro muito bem de amigos e colegas que passaram pela nossa turma. Abaixo tento enumerar alguns deles, assim como a sua cidade Natal:

1 – Nova Cruz (Vilmar, Wellington, Creso, Israel, Esteliano, Manuela e Ceiça)
2 – Tangará (Jailton Batista e Júlio seabra)
3 – Pedro Avelino (Da minha turma apenas eu, mas outros também lá estudaram e foram contemporâneos: Marcondes de Beata, Arnóbio Júnior meu irmão, Marco Túlio, Rogério meu primo, Wanderson de Macário, Xepeteco, Érico Antas)
4 – Natal (Bandeira (Filho de Leão Antas de Pedro Avelino), Thelúzio, Wilson)
5 – São João do Sabugi (José Isáias, nosso orador)
6 – Santana dos Matos (Francisco Júnior, o Tico)
7 – Jundiaí (Marcelo filho da nutricionista da escola)
8 – Santa Cruz (Leilson, Cláudio e Cleyson Lewis)
9 -Jucurutu (Walter, Jailma)
10 – Vera Cruz (Durval, Carlinhos, Ricardo, Edilson, Sandro e Janildo)
11 – Macaíba (Débora que se tornou esposa de Bandeira, Adriana, as irmãs gêmeas Anna e Cristina,
Suzy, Umarilândia, Jefsiane, Kênia, Sânzia, Janeide, Evângela, Ivan, Antônio Gleydson, Ana paula, Jailton)
12 – Felipe Guerra (Pedro, o nosso Zé Agripino)
13 – Lagoa de pedras (Pedro de Lara, Alexandre e Lindberg)
14 - Serrinha (Suênia)
15 – Caraúbas (Marinaldo e Ivamar)

São muitos e não me recordo de todos, mas a placa em seguida ilustra o nomes de todos aqueles que fizeram parte da nossa turma, os Konkas 94!

Como dito no início do texto, recentemente nos reunimos no condomínio do nosso amigo Creso Revorêdo. Tivemos todos um dia pra ficar nas nossas memórias, pois muitos ali, não se viam havia mais de 20 anos. E mesmo assim, ficou claro que há ainda um sentimento de amizade e consideração entre muitos ali presentes. O churrasco tava primeira, a comida show de bola, muita galinha caipira, feijão verde e outros quitutes típicos do nosso nordeste. A Sanfona de Naldinho Ribeiro e companhia foi um show a parte! Senhores, mais uma vez agradeço a todos que participaram deste evento! Que venham outros como este, por que nessa vida bem falou o saudoso poeta e e artista Charles Chaplin:

"Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, por que o mundo pertence a quem se atreve. E a vida, ela é muito bela para ser insignificante"

Finalizo esta, destacando a imensa evolução do nosso antigo CAJ. Com o passar dos anos a escola evoluiu muito e hoje possui diversos cursos como esquematizado:

  • Proejac (Agroindústria e processamentos de alimentos)
  • Técnico (Agroindústria, Agropecuária, Aquicultura e Informática)
  • Graduação (Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Tecnologia em Análise e desenvolvimento de sistema e Zootecnia)
  • Pós-Graduação em Produção Animal (PPGPA),

De tal sorte que a Escola continua sendo, sem sombra de dúvida, uma referência no ensino e aprendizado no nosso estado do Rio Grande Do Norte e seguramente no Brasil inteiro.


Felizes são aqueles que tiveram oportunidade de ali estudar! Obrigado Jundiaí e seus professores por tantos aprendizados e ensinamentos!




Hélio Santa Rosa Costa Silva, Rio de janeiro, 14/05/2015.































11 comentários:

  1. Grande amigo, é uma enorme satisfação, poder relembrar as estórias relatadas por você. Espero que outras mais transbordem em suas crônicas.
    Valeu amigo
    Valeu galera
    Leilson

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    1. Valeu meu amigo Leilson! Grande abraço meu brother! Outras virão com ctz!

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  2. Grande Hélio!!! Não há como deixar de fazer uma viagem no túnel do tempo com tantas boas recordações contempladas em suas singelas e magistrais palavras. Decididamente, nosso velho CAJ foi a melhor escola de vida que poderíamos ter!!! Grande abraço.

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    1. Meu amigo José Isaías, vc anda sumido do grupo do whatsapp meu brother!! obrigado pelas palavras gentis! Eu concordo absolutamente com o seu comentário, cada dia eu tenho mais ctz!!

      O nosso CAJ velho de guerra nos ensinou muito! fizemos amizades lá que teremos até o final dos nossos dias nesse plano. Um grande abraço meu velho amigo!!

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  3. Parabéns pela crônica repleta de sensibilidade , nostalgia e qualidade jornalística !!! É só o começo de uma trajetória permeada por muita obstinação em trazer ao leitor um pouco da história e da cultura Norte-Riograndense!!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Grande Hélio Santa Rosa, você é o cara. Parabéns pelo caprichoso resumo do inesquecível Colégio Agrícola de Jundiaí. Minha mãe até hoje ainda afirma que eu nunca mais fui o mesmo depois de Jundiaí, e eu lhe respondo agradecendo a ela e ao meu saudoso pai por terem permitido que e ali estudasse. Foram muitos aprendizados e muitas experiências, as quais jamais esqueceremos. Quanto as verdadeiras amizades, essas sim serão preservadas. Abraços.

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    1. Valeu meu amigo Creso! foi realmente uma transformação na vida daqueles q lá estudaram e quiseram aprender. Afirmo sem sombra de dúvidas, Jundiaí foi ul agente transformador na nossa vida! e vc e sua esposa, mais uma vez obrigado pela acolhida que nos foi dada durante nosso churrasco de confraternização. Grande abraço amigo!

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  6. Grande Hélio! Parabéns pela iniciativa e pelo texto. Ficou Excelente! Até sugiro que você poderia criar uma coluna konkas 94 e ir narrando esses causos que tantas recordações nos trazem. Eles nos fazem perceber que embora naquela época parecêssemos pequenos diante das dificuldades, fomos gigantes. Vencemos grandes batalhas, que transformaram adolescentes em homens e mulheres. Vitoriosos, é o que somos.

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    1. Jailtom meu amigo, eu já procurando no grupo quem era a Granja Boa Safra... rsrsrs. Amigo, muito obrigado pela sugestão. No final da matéria existem os marcadores Caj e Konkas94, vc clicando nela serão mostradas todas as matérias que possuam tais termos. Bom fim de semana!

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